terça-feira, 30 de agosto de 2011

depois de três horas e dezoito minutos.

Influenciável como a própria água que se move de acordo com os ventos e movimentos externos à ela. A pedrinha jogada no lago que reverbera em ondas.
Já faziam dias que não nos falávamos e você ali na presença da ausência. Sentada num canto quietinha esperando a hora certa de se pronunciar. Ouviu meus chamados e respondeu trazendo de volta os sons da sua voz que muito me alimentaram. Ainda que antes em silêncio, era notada. Pedindo licença começou a me dizer aquilo tudo que eu queria ouvir.
Ensaiado? Decorado? Dirigido?
Sua intervenção em minha cena estava no roteiro mas acabou virando improviso sem contato. A trama sugeria uma dinâmica de tensão entre nós e o texto de frases-feitas subjugava nosso máximo potencial de diálogo.
Eram tantas as palavras a serem ditas pelas pessoas nós que nossos personagens não deram conta. Jogo de cena da vida real.

domingo, 28 de agosto de 2011

E eu assim:
quando de seios inchados,
o peito farto.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Nas variá-veis de nós mesmos deixamos escapar o que nos faz mover. Há algo em comum nas entrelinhas do desenrolar de nossas vidas que se torna a pedra fundamental de nós mesmos. Ainda que com a constante mudança dos outros e dos sis, a dinâmica se repete, segue sua lógica própria, muito difícil de ser explicadamente compreendida.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sinto que fica tudo engasgado. Interrompido. Tampa no ralo. Eu vejo a ponta da correntinha da tampa do ralo. Puxa essa corrente, deixa a água escoar. Sujas, das sujeiras das minhas mãos, das suas mãos. Nossas sujeiras serão lavadas e levadas pelo ralo. Esse entalado do que não disse. Te amo pelo que você é. Sempre te amarei mas não permito que vaze tal amor desvairado. Amor pelas levianidades dessa dita loucura. Desculpa pra estraçalhar parâmetros, romper com essas relações mal feitas, insinceras e desgastadas. Bebo em tua loucura e faço deste lugar nossa única viabilidade de existência em um cenário pós-guerra.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

E as palavras a escorrer dos meus ouvidos.
Porque tanto tempo nos calando?,
esse guardião travestido de mulher.

domingo, 7 de agosto de 2011

E eu sinto o tempo passar, entrando nas minhas células, rasgando-as, esgarçando-as, sem pedir licença. Sem o mínimo de compaixão ou piedade, age como se nada estivesse fazendo, e na sua fúria serena só é notado pelos mortais após as sucessivas investidas contra as células, os seres e tudo o que se encontra à frente.