segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Nessa manhã de sol quente eu sinto frio.

Não me lembro ao certo como a minha vida veio parar aqui e num misto de surpresa, desconforto e incertezas vejo o mundo diminuir sob meus pés.
Na falsa ilusão de que era isso que nós queríamos, estou sozinha entre os sorrisos e gritos que vem de cima. Onde estão os anjos que nos prometeram proteção?
Choro copiosamente na frente de todos que fingem nem perceber ou, quem sabe, realmente não enxerguem o que está tão próximo, mas somente o que está dentro de si mesmos.
E era nas nuvens que devíamos morar, ou no fundo do oceano, onde o silêncio transborda qualquer tentativa de explicar o que não se compreende.
As linha do horizonte se confundem com as vontades daquilo que os olhos não alcançam. O tempo cai tão depressa, e nós caminhamos tão devagar.
Nada do que pensa existir existe realmente. Todo os sonhos são travestidos em ilusão e não mais em expectativa de possibilidade. 

Estou com saudades da minha família.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Se uma lâmina afiada beijar nossas peles ambas sangraremos.


Você se elege tão especial, não mostra nada de original.


Pensa que estás a me fazer um favor endeusando o próprio labor.
Quantos Eus há em Deus?
Quanto de Deus há em meus Eus?
Quanto d'Eu há em meu Deus?

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Iludiram-se de promessas vãs e se prometeram cuidados despretensiosos. Pretendiam carinhos infindos, se acariciaram sem entrega e  se entregaram sem verdade. Juraram mentiras e presentearam-se de mágoas mútuas. Ambas derreteram-se em arrependimentos e agarraram-se a ressentimentos, alheias aos próprios feitos. Agora, já desfeitas do compromissos e desapegadas do que teriam sido e do que pensavam que eram, não se fizeram grandes como sonhavam e tornaram-se torturas do tempo.
Meto as mãos nessa espessa argamassa acreditando ser capaz de ali imprimir minhas digitais e por hora esqueço que as mesmas, já gastas, não modelam o corpo alheio com a desenvoltura de outrora.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Será que por ficar pensando em você me engano?
Amo porque penso ou penso porque amo?
E esse sentido de onde vem?
Será que ela sente mesmo? Será que não é o fingir da atriz?
Mas se for atriz essa também não sente quando atua?
Qual a diferença entre sentir e sentir?
O que faz o meu sentir mais ou menos real do que o dela, que o seu, que o sentir de qualquer um?
Todo mundo finge.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

E vou sonhando e vou vivendo e já não tenho interesse em separar um do outro. O limite entre o que pensamos que é, com o que é de verdade, não me interessa pois que até as verdades não são tão verdadeiras assim. Prefiro me meter a sonhar e a achar que o sonho que vivo é a vida que sonho.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

E foi acordada pela voz que dizia: "Ponto final mocinha. Você deve descer aqui." Ela olhou em volta, ainda embriagada pelo sono, e constatou que não tinha idéia de onde estava. Não se lembrava de seu sonhos. Como se não bastasse estar completamente perdida, tinha a sensação de habitar o sonho de outrem. Perguntou ao condutor onde estavam e ele respondeu que no ponto final do 35. 35? Ficou tentando lembrar de quando pegou o ônibus. Não tinha mais certeza se, quando viu chegar o ônibus, era o número 38 mesmo que vira por engano, achou que fosse seu velho 38 de sempre... ou se lera 35 mas entrou nele mesmo assim porque o 38 a levaria para o mesmo lugar de sempre e ela ansiava por algo novo em sua vida medíocre. O fato era que ali estava e agora não adiantava choramingar. A atitude fora tomada, consciente ou não, e ela percebeu a grande oportunidade que estava à sua frente.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

E quando de olhos fechados a retina foca na escuridão, vejo o futuro e suas três mil possibilidades.
Querer esquecer é um apego às lembranças porque o esquecer se dá no que já não mais importa ou sequer importou um dia. O saudável não é esquecer mas lembrar tanto que torna-se impossível querer retornar àquilo. Lembrar apenas do nosso bom contem em si toda a grandeza do nosso amor. Mas para todo bem há um mal em igual proporção e o nosso mal fugiu da gaiola e tomou dimensões deveras danosas.
E que toda possibilidade seja absolvida e reconhecida como legítima.
Um dia esquisito, um silêncio atípico pairava no local, onde só o que se ouvia eram os saltos das moças andando pelos corredores, o toc toc do motor e o ranger das cordas que se roçavam com a madeira no balançar da embarcação. Os saltos pararam de bater e um voz anunciou que a Barca estava pronta para partir. O destino destes passageiros, porém, é desconhecido. Eles não sabem pra onde estão indo, apenas que qualquer novo lugar será melhor que àquele que estavam deixando.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Sonhei que quebrava o dedo de alguém. Virava o dedão da pessoa até quebrá-lo. Eu via esse dedo em imagem RAIO-X, se virando pra trás, impulsionado pela minha mão, que não estava em RAIO-X. Parecia o dedo de Dean Moriarty. De quem era o dedo?