inventar você me dá combustível pra olhar pra frente pra olhar pra dentro pra olhar inteiro um olho fechado o outro aberto piscando mais que focando o ponto era quase uma fantasia você veio por trás me pegou no susto era você? não sei. era? não era. era você. não sei foi embora não vi mais nada além do borrão da sua alegoria ou era minha apenas essa única ilusão que restou daquela purpurina pelos seios pela nuca meu hálito quente na sua nuca desnuda desnuca desnunca nunca soube nunca saberei se é possível ao te espelhar os olhos manter a âncora ou virar balão tentar provar que água levita e o fogo te mergulha num precipício desconhecido muitas vezes visitado, inventado e esquecido.
terça-feira, 22 de setembro de 2020
quarta-feira, 26 de agosto de 2020
domingo, 12 de julho de 2020
sábado, 11 de julho de 2020
Em ímpetos de protesto, tentativa rebelde de dissolução dessa instiuição neurótica, onde ninguém siscuta, ninguém sifala, ninguém sinxerga, respondo naquela moeda que sempre é a troca vivida nos vai e vens da memória infantil (lizada?). Vivenciamos desde muito cedo o abandono dos anseios da alma, nebulosas das quais nascem os sofrimentos primários, mães e pais de todos os outros sofrimentinhos que percorrerão os dias e as noites. Até agora sigo tentando lavar essa poeira gordurosa que dificulta os sentidos e a percepção dos mundos de dentro e de fora. O perigo de acostumar-se ao abandono é a infalível repetição infinita dessa lógica nos relacionamentos e consigo. AUTUÁBANDONO. Como é mesmo sentir? É preciso trazer às vísceras o que martela as vozes-pensamento.
assombros assobradados
nas casas assombradas
as portas rangem quando se abrem
talvez por isso
algumas nunca sejam abertas
ou quase nunca
fica à espreita, espiando o momento calhar e torcendo que o movimento seja preciso suficiente pro menor ranger possível dessa porta acostumada a esconder assombros evitados a todo custo.
uma vez abertas as portas de onde eles moram haveria que lhes dar nomes, e causas, e porquês e pra ondes.
talvez por isso as portas rangessem tanto
a casa assobradada
ela tem cheiro de pão quentinho
e de grama molhada em dia de chuva,
aquele sonho que todo mundo deve ter,
tem colorido por toda parte e um pouco de bagunça,
sempre
invento casa
invento sótão e porão
inventos as memórias que
constroem meu desejo
e, depois, tento desinventar
o troço fica agarrado aqui na ponta do dedo
ou da língua, sei lá
como o chiclete colado no cabelo
põe gelo, põe gelo
difícil tirar
segunda-feira, 29 de junho de 2020
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