domingo, 12 de julho de 2020

sábado, 11 de julho de 2020

Em ímpetos de protesto, tentativa rebelde de dissolução dessa instiuição neurótica, onde ninguém siscuta, ninguém sifala, ninguém sinxerga, respondo naquela moeda que sempre é a troca vivida nos vai e vens da memória infantil (lizada?). Vivenciamos desde muito cedo o abandono dos anseios da alma, nebulosas das quais nascem os sofrimentos primários, mães e pais de todos os outros sofrimentinhos que percorrerão os dias e as noites. Até agora sigo tentando lavar essa poeira gordurosa que dificulta os sentidos e a percepção dos mundos de dentro e de fora. O perigo de acostumar-se ao abandono é a infalível repetição infinita dessa lógica nos relacionamentos e consigo. AUTUÁBANDONO. Como é mesmo sentir? É preciso trazer às vísceras o que martela as vozes-pensamento.

assombros assobradados



nas casas assombradas
as portas rangem quando se abrem
talvez por isso
algumas nunca sejam abertas
ou quase nunca

fica à espreita, espiando o momento calhar e torcendo que o movimento seja preciso suficiente pro menor ranger possível dessa porta acostumada a esconder assombros evitados a todo custo.
uma vez abertas as portas de onde eles moram haveria que lhes dar nomes, e causas, e porquês e pra ondes.
talvez por isso as portas rangessem tanto

a casa assobradada
ela tem cheiro de pão quentinho
e de grama molhada em dia de chuva,
aquele sonho que todo mundo deve ter,
tem colorido por toda parte e um pouco de bagunça,
sempre

invento casa
invento sótão e porão
inventos as memórias que
constroem meu desejo
e, depois, tento desinventar
o troço fica agarrado aqui na ponta do dedo
ou da língua, sei lá
como o chiclete colado no cabelo
põe gelo, põe gelo
difícil tirar