quinta-feira, 27 de outubro de 2011

CHUVA SAINDO DE NITERÓI

Movimento incessante.
Deslocamento constante de sujeitos em trânsito.
São muitos eus nas muitas cidades que é uma só: A minha cidade.
A lentidão caótica do tráfego é oportunidade para minha aproximação das ruas e seus passantes. E ainda mais perto fico das minhas esquinas de dentro.
Meus processos internos são como o fluxo da cidade; as veias cheias de táxis azuis e ônibus agressivos transbordam em excessos de mim.
Minhas pontes, desvios, atalhos, ruelas e avenidas e meu imenso engarrafamento de sentimentos que, enfileirados, encaixam-se uns nas traseiras dos outros. Eu sou a fita de Lygia Clark.
Não sente comigo a tristeza da cidade?
Não ouve o gemido das buzinas?
Percebe minhas luzes vermelhas?
As pessoas em suas cápsulas motorizadas se sentem protegidas e desprovidas de qualquer segurança nesse vagaroso e impaciente rastejar dos veículos.
Os sinais estão verdes e eu estou estagnada.
A solidez de minhas palavras-prédios se dilui na inconcretude de meus pensamentos-passageiros.
Estou presa no eterno ir e vir de minhas próprias intenções, sem lugar algum como ponto de chegada.
O que eu tenho é o caminho.

domingo, 25 de setembro de 2011

sábado, 10 de setembro de 2011

gr-attitude.
costurando retalhos,
ralho,
gralho.
não respeita minhas metalepses,
adiante com sua idiossincrasia
minha personalidade furta cor
me permite ser uma a cada dia
se naïf ou pós modernista
ritmo e poesia na leitura realista
as alegorias folclóricas da passista
são escravas do outro e seu olhar niilista.

o contínuo restolhar
sob a ótica proxêmica
não nos garante permanência.
de repente
a mente
se conecta
ao momento
presente
a fala é diferente
no compasso
do repente
o mote
se torna
urgente
e a mensagem
transparente
pensamento
fluindo
sutilmente
na cadência
inocente
de quem
não teme
a serpente.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Todo mundo finge porque na verdade ninguém é nada e sendo nada somos tudo, o que se manifesta no momento presente é o resultado da soma de nossas forças e nossas fraquezas, os limites que crio por medo não são nada frente ao deslimite da minha coragem. Interpretar inúmeros papéis, dançar conforme a música, as pessoas são chatas e suas chatices me chateiam pra caralho. Foda-se?

terça-feira, 6 de setembro de 2011

QUAL O TAMANHO DA SUA VONTADE?

sábado, 3 de setembro de 2011

O medo de encarar a verdade que disfarçamos de dúvida. A dúvida não existe.
Se manifesta quando, ao escolhermos algo, não possuímos a coragem de a escolhermos de verdade.
O apego ao que não foi escolhido se converte na insegurança de não tê-lo mais por perto, alcançável à meio braço de distância.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

depois de três horas e dezoito minutos.

Influenciável como a própria água que se move de acordo com os ventos e movimentos externos à ela. A pedrinha jogada no lago que reverbera em ondas.
Já faziam dias que não nos falávamos e você ali na presença da ausência. Sentada num canto quietinha esperando a hora certa de se pronunciar. Ouviu meus chamados e respondeu trazendo de volta os sons da sua voz que muito me alimentaram. Ainda que antes em silêncio, era notada. Pedindo licença começou a me dizer aquilo tudo que eu queria ouvir.
Ensaiado? Decorado? Dirigido?
Sua intervenção em minha cena estava no roteiro mas acabou virando improviso sem contato. A trama sugeria uma dinâmica de tensão entre nós e o texto de frases-feitas subjugava nosso máximo potencial de diálogo.
Eram tantas as palavras a serem ditas pelas pessoas nós que nossos personagens não deram conta. Jogo de cena da vida real.

domingo, 28 de agosto de 2011

E eu assim:
quando de seios inchados,
o peito farto.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Nas variá-veis de nós mesmos deixamos escapar o que nos faz mover. Há algo em comum nas entrelinhas do desenrolar de nossas vidas que se torna a pedra fundamental de nós mesmos. Ainda que com a constante mudança dos outros e dos sis, a dinâmica se repete, segue sua lógica própria, muito difícil de ser explicadamente compreendida.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sinto que fica tudo engasgado. Interrompido. Tampa no ralo. Eu vejo a ponta da correntinha da tampa do ralo. Puxa essa corrente, deixa a água escoar. Sujas, das sujeiras das minhas mãos, das suas mãos. Nossas sujeiras serão lavadas e levadas pelo ralo. Esse entalado do que não disse. Te amo pelo que você é. Sempre te amarei mas não permito que vaze tal amor desvairado. Amor pelas levianidades dessa dita loucura. Desculpa pra estraçalhar parâmetros, romper com essas relações mal feitas, insinceras e desgastadas. Bebo em tua loucura e faço deste lugar nossa única viabilidade de existência em um cenário pós-guerra.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

E as palavras a escorrer dos meus ouvidos.
Porque tanto tempo nos calando?,
esse guardião travestido de mulher.

domingo, 7 de agosto de 2011

E eu sinto o tempo passar, entrando nas minhas células, rasgando-as, esgarçando-as, sem pedir licença. Sem o mínimo de compaixão ou piedade, age como se nada estivesse fazendo, e na sua fúria serena só é notado pelos mortais após as sucessivas investidas contra as células, os seres e tudo o que se encontra à frente.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

PROPOSTA MULTIPLATAFORMA

Trabalhando com a ideia de criar uma obra de arte usando retalhos de roupas, comecei a enxergar os retalhos formando uma tela, onde eu exibo todo o processo ao qual esse processo me levaria.
O ato de me desfazer dessas roupas que por tanto tempo fizeram parte de minha identidade, ao mesmo temo que era libertador e transformador, era a tomada de decisão definitiva de que algo deveria morrer em nós, ara que o novo surgisse.
Essa transform-ação merecia ser registrada e impressa nesta tela que era fruto dela mesma. Fita de Moébius.
Roupas velhas, rasgadas, recosturadas e descoloridas formam a tela em branco para que novas formas e imagens brotem nela. O que ontem doía, hoje ensina.
Esta proposta surge das ruínas de uma relacionamento. Tivemos que admitir pro mundo e pra nós que aquele era o fim da nossa era.
Como disse meu grande mestre Latuff: "Não exite ponto final, toda frase é um recomeço."

terça-feira, 26 de julho de 2011

imagine só que ironia: se tudo o que ansiara agora eu tinha se o desejo realizado já não possuía serventia. o tempo se encolheu feito mola e o dia de ontem se assemelha ao de outrora. o encanto se esconde embaixo da estante e em um único instante se percebe no olhar do amante que algo se desfez e, dessa vez, sem rompante nem alarde. o beijo não arde, o sorriso chega tarde.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Nesta teia de mentiras que nos prendemos as duas são os mosquitinhos, e a aranha não está nem aí pros nossos agonizantes movimentos, que nos empurra ainda mais pro nosso fim.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Como tornar real a habilidade de trazer à tona a avalanche de pensamentos concadenados no momento em que se deseja. Aquele quando se tem a vontade de nãodesgrudaracanetadopapelnemmesmoparadasespaçoàspalavras com medo que saiam voando por aí, se percam num labirinto sem volta ou simplesmente derretam sob chuva de lágrimas.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A irmã dizia pra outra o tempo todo que queria ser médica, mas tinha pavor de sangue escorredo pelo nariz. Morria de aflição quando o dente mole estava prestes a cair, e achava aquelas roupas brancas um tanto quanto macabras. Talvez ela quisesse paracer corajosa perante a irmã, como se o medo e o nojo e a repulsa fossem só de brincadeira, que no fundo ela não tinha nenhuma dessas frescuras e podia muito bem ser uma ótima médica. Ou, quem sabe, ela era mesmo corajosa e colocava as frescuras na frente pra que a irmãzinha pudesse se sentir maior e mais forte que ela quando a encorajava a superar os medos? Quantas possibilidades de causa existem em uma ação?

quarta-feira, 29 de junho de 2011

o peito abre-se em canto.
tanto o canto cantado e por si só encantado quanto o canto onde as margens se encontram formando o recanto que você pode ter enquanto encanto.

domingo, 26 de junho de 2011

soltar as amarras da preguiça. enxergar o caminho do querer. soltar os pés no abismo. rolar os dados. apostar em mim.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

que esse zelo
se transforme em terço
que eu faça dele um berço
onde adormeço

no seu coração
crie meu endereço
então, com você, eu cresço
em um novo lugar onde mereço

dentro de um abraço 
um laço

terça-feira, 24 de maio de 2011

quando você foi sincera 
e se segurou
me mostrou o que já sabia,
não devemos nos permitir
esse tipo de dor no peito.

não deixamos que o outro
manifeste o indesejo.
deixa vir o indesejo,
não rejeite o indesejo.

depois que ele passa sobressai o oposto
o que realmente queremos
e por bobeira, descuido ou covardia
mantemos escondido
pra deixar sair os monstros
e o que os outros acham ruim.
mesmo que pra mostrar o que não gostamos.

desconforto esse estar voltando
a esperar que algo de fora
venha me tirar desse silêncio
que não sabe dizer
a verdade,
sabe o que dizer
diz sem querer
e tudo o que diz
é pra causar um efeito
no outro
e não pra liberar os dizeres.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Se quando a gente não sabe o que fazer.
Quando não chega às palavras que teria que dizer.
Fica achando que um milagre trará o desfecho desse querer,
quando o milagre é o que faz o não querer.

O que nos transcende ao padrão.
O que nos move além dos rituais, é o mesmo que nos prende, só que ao contrário.
Já que opostos são complementares e que três mil mundos podem existir em um único momento, se toda a gama de ser pode ser manifesta entre esses dois opostos, quando vemos o que não nos agrada, podemos manifestar justamente o que nos surpreende.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

E sempre haverá um lugar aqui dentro onde você não irá chegar. Um lugar onde nem eu mesma chegarei. Sempre haverá um lugar onde não fomos, onde não somos. DEEPER, DARKER, WARMER. Agora já reconheço melhor onde antes era só desconhecido e assustador. Como se fosse uma bola úmida e quente pairando dentro do peito. Um buraco que a qualquer momento pode me sugar e de onde é difícil sair. Uma vez que se adentra, é denso. Sugere uma dor que, de verdade, atrai. É como se quisesse provar pra mim que já sou forte o suficiente para enfrentar àquilo, mas nunca sei o que me espera depois da nebulosa azul brillhante.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Quero me despir. Tirar essa roupa velha. Me despir do mundo, me despir de mim mesma. Nua de mim, nua de ti. Como me despir de ti? Como me despir de mim? Tiro essa roupa, visto outra. A escolha antecipada não vale de nada. Não existe a escolha. Existem roupas e existe o corpo nu. O meu corpo já é a minha roupa. Quais outras roupas estou usando, essas que não me servem mais? Me rasgo. Eu quero a nudez, e que todas as possibilidades me caibam. A nudez que mostra, que exprime, que expõe. E dentro da nudez ainda existe algo a ser descoberto, e é ali que quero chegar. Mas antes preciso tirar essa roupa velha.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

por não conseguir o que crê querer finge que não quer e arruma desculpa prum querer mais fácil

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Rolei na beira do mar brincando de espumas feito infância. Deitada na areia de corpo inteiro, vejo as gaivotas em voôs razantes, fazendo um jogo ligeiro quase que dançando. O mar virou um espelho prateado com um fio de ouro por onde o sol vem me ver. E essas águas mornas, morada dos deuses, lavam minh'alma e meu ser.