Trabalhando com a ideia de criar uma obra de arte usando retalhos de roupas, comecei a enxergar os retalhos formando uma tela, onde eu exibo todo o processo ao qual esse processo me levaria.
O ato de me desfazer dessas roupas que por tanto tempo fizeram parte de minha identidade, ao mesmo temo que era libertador e transformador, era a tomada de decisão definitiva de que algo deveria morrer em nós, ara que o novo surgisse.
Essa transform-ação merecia ser registrada e impressa nesta tela que era fruto dela mesma. Fita de Moébius.
Roupas velhas, rasgadas, recosturadas e descoloridas formam a tela em branco para que novas formas e imagens brotem nela. O que ontem doía, hoje ensina.
Esta proposta surge das ruínas de uma relacionamento. Tivemos que admitir pro mundo e pra nós que aquele era o fim da nossa era.
Como disse meu grande mestre Latuff: "Não exite ponto final, toda frase é um recomeço."
quarta-feira, 27 de julho de 2011
terça-feira, 26 de julho de 2011
imagine só que ironia:
se tudo o que ansiara agora eu tinha
se o desejo realizado já não possuía serventia.
o tempo se encolheu feito mola
e o dia de ontem se assemelha ao de outrora.
o encanto se esconde
embaixo da estante
e em um único instante
se percebe no olhar do amante
que algo se desfez
e, dessa vez,
sem rompante
nem alarde.
o beijo não arde,
o sorriso chega tarde.
segunda-feira, 25 de julho de 2011
terça-feira, 12 de julho de 2011
Como tornar real a habilidade de trazer à tona a avalanche de pensamentos concadenados no momento em que se deseja. Aquele quando se tem a vontade de nãodesgrudaracanetadopapelnemmesmoparadasespaçoàspalavras com medo que saiam voando por aí, se percam num labirinto sem volta ou simplesmente derretam sob chuva de lágrimas.
segunda-feira, 11 de julho de 2011
A irmã dizia pra outra o tempo todo que queria ser médica, mas tinha pavor de sangue escorredo pelo nariz. Morria de aflição quando o dente mole estava prestes a cair, e achava aquelas roupas brancas um tanto quanto macabras.
Talvez ela quisesse paracer corajosa perante a irmã, como se o medo e o nojo e a repulsa fossem só de brincadeira, que no fundo ela não tinha nenhuma dessas frescuras e podia muito bem ser uma ótima médica. Ou, quem sabe, ela era mesmo corajosa e colocava as frescuras na frente pra que a irmãzinha pudesse se sentir maior e mais forte que ela quando a encorajava a superar os medos?
Quantas possibilidades de causa existem em uma ação?
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