terça-feira, 24 de maio de 2011

quando você foi sincera 
e se segurou
me mostrou o que já sabia,
não devemos nos permitir
esse tipo de dor no peito.

não deixamos que o outro
manifeste o indesejo.
deixa vir o indesejo,
não rejeite o indesejo.

depois que ele passa sobressai o oposto
o que realmente queremos
e por bobeira, descuido ou covardia
mantemos escondido
pra deixar sair os monstros
e o que os outros acham ruim.
mesmo que pra mostrar o que não gostamos.

desconforto esse estar voltando
a esperar que algo de fora
venha me tirar desse silêncio
que não sabe dizer
a verdade,
sabe o que dizer
diz sem querer
e tudo o que diz
é pra causar um efeito
no outro
e não pra liberar os dizeres.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Se quando a gente não sabe o que fazer.
Quando não chega às palavras que teria que dizer.
Fica achando que um milagre trará o desfecho desse querer,
quando o milagre é o que faz o não querer.

O que nos transcende ao padrão.
O que nos move além dos rituais, é o mesmo que nos prende, só que ao contrário.
Já que opostos são complementares e que três mil mundos podem existir em um único momento, se toda a gama de ser pode ser manifesta entre esses dois opostos, quando vemos o que não nos agrada, podemos manifestar justamente o que nos surpreende.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

E sempre haverá um lugar aqui dentro onde você não irá chegar. Um lugar onde nem eu mesma chegarei. Sempre haverá um lugar onde não fomos, onde não somos. DEEPER, DARKER, WARMER. Agora já reconheço melhor onde antes era só desconhecido e assustador. Como se fosse uma bola úmida e quente pairando dentro do peito. Um buraco que a qualquer momento pode me sugar e de onde é difícil sair. Uma vez que se adentra, é denso. Sugere uma dor que, de verdade, atrai. É como se quisesse provar pra mim que já sou forte o suficiente para enfrentar àquilo, mas nunca sei o que me espera depois da nebulosa azul brillhante.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Quero me despir. Tirar essa roupa velha. Me despir do mundo, me despir de mim mesma. Nua de mim, nua de ti. Como me despir de ti? Como me despir de mim? Tiro essa roupa, visto outra. A escolha antecipada não vale de nada. Não existe a escolha. Existem roupas e existe o corpo nu. O meu corpo já é a minha roupa. Quais outras roupas estou usando, essas que não me servem mais? Me rasgo. Eu quero a nudez, e que todas as possibilidades me caibam. A nudez que mostra, que exprime, que expõe. E dentro da nudez ainda existe algo a ser descoberto, e é ali que quero chegar. Mas antes preciso tirar essa roupa velha.